A dose do "santo" paulista é a porta do "acordão"?

A Folha publica  - com uma discrição exemplar, no papel, o que adianta muito pouco, porque é na internet que o jornal existe ainda - os documentos que indicam propinas para o governo paulista dentro da Lava Jato.

Pequena chamada e a parte de baixo na página, dentro, não conseguem tirar a importância do "pedaço" dos autos da Lava Jato que ficaram por um mês abertos e agora foram decretados sigilosos por Sérgio Moro.

O que diz haver, em obra do governo paulista,  uma dose de 5% para o "santo", como nas antigas tradições de tomar uma cachacinha derramando um gole.

Repita-se, obra conduzida exclusivamente pelo Governo de São Paulo, a duplicação da rodovia Mogi-Dutra.

Tão importante saber que é o santo de bico grande que abiscoitou a dinheirama é verificar outra coisa que se evidencia e é deixada de lado pela matéria.

É que o "consórcio" de empreiteiras que dividiam (e dividem) obras pública, compensando-se umas às outras e ganhando obras mesmo "perdendo" licitações não existiu (e existe) apenas em obras federais.

É, portanto, uma organização criminosa privada que, atua para corromper dirigentes públicos, o que qualquer pessoa que não seja cínica sabe que acontece há séculos, aqui e em quase toda parte do mundo.

Não torna menos criminoso o ato de quem entra no arranjo.

E mais importante ainda é o que vai se desenhando com este "bunda-lê-lê".

A preparação do, finalmente, desfecho do golpe contra o voto do povo brasileiro.

Cassa-se Dilma, destrói-se Lula e, depois, por algumas das muitas violações processuais, põe-se fim à bagunça, porque não sobraria mais que uma câmara de vereadores de congressistas enlameados e processados.

A alternativa do "populismo moralista de Moro", francamente, não tem viabilidade institucional ou eleitoral, embora seja capaz de arrastar hordas fascistizadas para as ruas e tornar imponderável o futuro quando isso ocorre.

Assim como Temer, se conseguir completar seu delírio golpista, assumindo a Presidência, teria sua rédea em Gilmar Mendes e sua ação de cassação da chapa que formou para trair Dilma; também Moro tem seu controle nos grandes grupos de mídia, em especial a Globo, que o premiou.

Como quem premia, claro, pode também castigar, basta que, por um ou dois dias, por motivo real ou irreal, o malhe como a um Judas, para que sua santidade se desfaça.

Depois? Depois basta usar o velho método da Globo, quando os personagens já não lhe têm serventia: mandá-los para a Sibéria do esquecimento.

Faz frio aí, não é, Dr. Joaquim?